quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SOLIDÃO

Há dias em que me sinto imensamente solitária... Hoje é um desses dias, e é por isso que senti necessidade de escrever.
Nunca me imaginei escrevendo sobre meus sentimentos íntimos em um diário público; no entanto, diante da ausência de amigos com os quais eu poderia conversar, achei melhor colocar no blog as minhas angústias. Afinal, acredito que não sou a única a ficar assim, sorumbática. Com certeza, outras pessoas, em algum momento de suas vidas, também se sentiram uma ilha em meio a um oceano de pessoas.
Essa metáfora da ilha entre uma multidão é recorrente, porém não encontrei nenhuma expressão mais apropriada.
Pois bem: os negócios e o trabalho da prosa do marido soam distantes e sem brilho; os altos papos dos filhos adolescentes são brilhantes demais, purpurinados até. Não dá para me interessar nem por um, nem por outro.
Os programas da TV nunca me pareceram tão enfadonhos!! Deus nos salve! Enjoei todas as músicas, todos os sites, todas as salas de bate-papo...
Os amigos de verdade são poucos e raros e estão mergulhados em seus próprios problemas...
Bem, graças a Deus que tenho esse blog! À medida que vou colocando as tribulações na tela do PC, vou refletindo sobre elas, sobre a vida, sobre os desencontros e desencantos: é como se fosse uma conversa comigo mesma; e de certo modo, é isso mesmo: uma reflexão.
Aos trinta e uns, já era para ter definidos os meus planos e objetivos de vida. Pois confesso que às vezes eles aparecem nítidos em minha mente; em outros momentos, a cabeça parece girar em um turbilhão extremamente confuso de emoções e sentimentos contraditórios.
Sei que desejo concluir a Licenciatura em Letras que está em andamento; quero fazer mestrado na área de Linguística ou Literatura; pretendo escrever os contos, as memórias, as invenções e as ideias que povoam a minha mente, a fim de compartilhar com outras pessoas esse universo curioso e infinito de imaginação, poesia, encanto e desencanto que é a mente humana.
Não sei exatamente qual é o meu estilo, mas sei que quero escrever para muita gente: para os cansados, os tristes, os injustiçados, os pobres, os feios - todos aqueles que, de alguma forma, não se encaixam nos tipos forjados pela sociedade de consumo: para as pessoas que, assim como eu, se sentem meio ET's.
Pedagoga de formação, adoro a sala de aula, mas vejo como um acinte à humanidade os baixos salários dos professores: aí vem mais uma contradição em minha vida: adoro o que faço e lecionar é extremamente prazeroso, mas com o que ganho não é possível ter qualidade de vida, pois os salários vergonhosos dos educadores não lhes possibilitam ter acesso à cultura e muito menos ao lazer de qualidade.
Bem, como estou mesmo contrariada, não vou escrever mais que isso, para não cansar os leitores e a mim mesma.
Até mais...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fazer-se homem

Seus cabelos pintando
Sua idade cronológica avançando
Mas você continua um menino:
O homem está incipiente em seu ser
Sua vida está apenas começando

O tempo passa: 20, 30... quase 40!
Mas o seu riso lhe dá apenas poucos anos, talvez uns 8...
O jeito moleque traz o adolescente à tona
E, de vez em quando, você se torna filho dos filhos
Bagunça tanto, que ninguém agüenta!

Mas, às vezes, o seu aspecto se torna sombrio:
A sua testa se enruga, o olhar perde o brilho
Você se torna mais velho que o tempo
E sem a sabedoria que vem da experiência

Felizmente, o seu coração se renova
E as trevas da preocupação dão lugar à vida
O brilho do sol faz resplandecer a esperança
Aos poucos, o menino co0meçaa a fazer-se homem.



* Dedicado ao meu esposo, Eriston Rocha, por ocasião do seu aniversário (16/09/2009)

Modernidade

As provas são difíceis.
Eu também.
A vida assusta; eu mais.
As lutas diárias são muitas,
Mas eu continuo tentando

Nos excessos do cotidiano
O maremoto do consumo
A avalanche da sensualidade,
A violência, o medo: escuridão
O moderno é velhamente antiquado

Retornamos à barbárie?
Ou sequer saímos dela?
Carros, fuligem, lixo, lixo, lixo.
Violência, drogas, armas, luto, luto, luto.

Cores esgarçadas
De esquinas encardidas
Buzinas, máquinas, gritos, música
Há esperança em meio ao caos?


Ivânia Rocha.
Irecê/BA, 18/07/2009.