sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Diário de uma Enxerida - 2º dia

Oh, Deus!!! Li 14, das 27 laudas do artigo de Roxane Rojo e, sinceramente, fiquei ainda mais confusa do que já estava: parece-me que a ele pode ser aplicada a máxima do Velho Guerreiro - “Eu não vim para explicar; vim para confundir” (ou algo assim...).
Onde terminam os gêneros textuais e começam os gêneros discursivos? Texto e discurso devem andar, necessariamente juntos? Que autor/pesquisador dos gêneros textuais é bakhtiniano? Qual deles não segue a linha teórica de Bakhtin?
Desconfio que os autores citados por Rojo podem ser situados num meio termo em relação a Bakhtin, pois convergem em alguns pontos e divergem em outros (pelo menos, foi assim que entendi!!). E parece que as teorias de todos eles (Marcuschi, Adam, Bronckart) são semelhantes, embora haja algumas divergências entre elas.
Bom, percebi que definitivamente, não é possível, ou pelo menos não é pertinente analisar gêneros textuais sem, como afirmou muito bem Focault, adentrar nessa “ordem arriscada do discurso”. E acredito que a pesquisadora também pensa assim, pelas pistas que fornece no decorrer do artigo: ela critica sutilmente o fato de Marcuschi não esclarecer, no material analisado, a separação entre gênero textual e gênero discursivo, deixando este em aberto.
Ora, daí eu fiquei imaginando o teor de cartas, e-mails, contos, crônicas, canções, blogs... as características intrínsecas ou extrínsecas de tais gêneros revelam as intenções por trás dos discursos? Não necessariamente, mas fornecem pistas. Um discurso só pode ser legitimado se levarmos em consideração quem fala, de onde fala, por que e para que(m) fala; ainda em que momento, situação, contexto. Por outro lado, existe algum texto, seja ele de qualquer natureza, desinteressado, neutro?
Os gêneros textuais são denominados por conta de suas particularidades, permanências; e quanto aos gêneros discursivos? De acordo com o Dicionário eletrônico Michaelis – UOL, gênero - s. m. 1. Grupo de seres que têm iguais caracteres essenciais. 2. Lóg. A classe que tem mais extensão e portanto menor compreensão que a espécie. 3. Biol. Grupo morfológico intermediário entre a família e a espécie. 4. Gram. Flexão pela qual se exprime o sexo real ou imaginário dos seres. 5. Espécie, casta, raça, variedade, sorte, categoria, estilo etc. 6. Lit. e Bel.-art. Assunto ou natureza comum a diversas produções artísticas ou literárias. S. m. pl. Com. Quaisquer mercadorias. (Grifos meus) e discursivo – “adj. Que procede por meio de raciocínios”. Assim, pela simples associação entre os termos e seus respectivos significados, é possível concluir que um único gênero textual pode conter vários discursos. Dependendo da natureza do discurso, uma carta pessoal será completamente diversa de outra carta pessoal. Portanto, mesmo que o objeto de uma análise seja restrito a um único gênero textual, existirão gêneros discursivos outros, enviesados por este ou aquele propósito, que são fundamentais para a compreensão do texto.

As ideias estão fervilhando em minha cabeça, mas já estou cansada. Por hoje é só.

Um comentário:

  1. poxa, você está muito disciplinada nas leituras! Estou gostando de ver, Ivânia! Olha, sobre os gêneros discursivos, termine a leitura do artigo. Ela, no final, apresenta um exemplo de análise muito esclarecedora! Continue se deliciando... Ah, a confusão sempre é boa para gerar a criatividade e a produção! Abraço.

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