domingo, 19 de setembro de 2010

O enxerimento da SEC minou meu próprio enxerimento

Hoje passei a tarde fazendo o exame de Certificação para os professores da Rede Estadual: nem fácil, nem difícil; mas cansativo.
Elogios: questões bem elaboradas e abordagens atuais;
Críticas: míseras 20 linhas para a dissertação sobre a indisciplina na sala de aula (parte pedagógica) e, pior, as mesmas parcas linhas para tratar de estilo e linguagem em Guimarães Rosa!! (parte específica)
Pense num sofrimento: cortei de um lado, resumi de outro e, por fim, não tendo mais como "ataiar", empreguei a conhecida técnica de meus alunos: reduzi o tamanho da letra. Depois, meio culpada, fiquei me perguntando se a banca examinadora terá lupas a seu dispor... (Confesso que a ideia me agradou, pois assim eles poderiam sentir-se um pouco como nós, professores)
Os ventos sopraram em meu favor quanto aos conteúdos específicos: houve cerca de 10 questões sobre o trabalho com gêneros textuais nas aulas de Português, embora algumas opções fossem extremamente parecidas com outras, na hora de escolher a letra certa.
Lá fora, quando havia terminado de fazer o exame, encontrei uma galera de Uibaí: Geografia, História e outras áreas: todos queixaram do espaço exíguo para as questões abertas!!
Na minha sala houve 7 abstenções, de 25 lugares - um número alto (quase um terço), mas parece que nas outras o povo compareceu em massa.
Bem, após essa intensa luta com as palavras, saí da sala 170 do Luiz Viana com uma tremenda dor de cabeça e a imagem convidativa de minha cama macia no escurinho do meu quarto girando em minha mente exausta...
Pior foi encontrar os adolescentes da vizinha que foi para a roça em uma farra interminável: música e vozes altas - uma algazarra sem fim (ou melhor, acabou agora há pouco). Ufa!!!
Foi muito gênero textual por hoje: vamos esperar o resultado...

Libertação

Hoje quero escrever algo solto...
Sem rima, sem métrica e de poucos acentos
Ponto-e-vírgula ponto e interrogações
Não quero nem perguntas nem respostas

Fico imaginando a cama larga e convidativa
O sol em seu brilho infinito
Mar lua vinho violão
E outras coisas menos poéticas

Hippies sons estradas e chão
Vento cheiro de mato aventura
Sentir-me viva de um jeito inédito

Posso chorar, inclusive
As feridas e a dor na estrada
Fazem parte da libertação


Irecê/BA, 19/09/2010

sábado, 18 de setembro de 2010

18 de setembro de 2010

Hoje, reli as primeiras 27 páginas do livro Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. Inicialmente há um prefácio com uma sucinta descrição dos autores e suas atividades. Em seguida, há a apresentação, na qual os organizadores (L. A. Marcuschi e Antonio Carlos Xavier) buscam situar o leitor quanto ao assunto que cada autor vai tratar no decorrer da obra. Também salientam a relevância do trabalho: “A linguagem é uma das faculdades cognitivas mais flexíveis e plásticas adaptáveis às mudanças comportamentais e a responsável pela disseminação das constantes transformações sociais, políticas, culturais geradas pela criatividade do ser humano.” (MARCUSCHI e XAVIER, 2010. p. 11) E, mais adiante: “Conceitos fundamentais de hipertexto, gêneros digitais, discurso, leitura e ensino a distância mediados pelo computador são analisados nos diversos trabalhos aqui presentes.” (ID, p.11)
O próprio Marcuschi é o autor do primeiro artigo do livro: Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital, no qual faz um apanhado geral desses novos gêneros, situando-os na era da comunicação e esclarecendo que tais gêneros podem não representar, necessariamente, grandes inovações quanto ao seu formato, visto que muitos deles encontram formas equivalentes em versões menos modernas, como é possível perceber nas relações carta pessoal X e-mail; diários pessoais X weblogs etc. A grande novidade, segundo ele, é o uso que se faz desses novos gêneros textuais, nos quais, muitas vezes, a interação é síncrona e simultânea.
Bem, nessas páginas iniciais, só foi possível perceber o exposto acima, por enquanto...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Diário de uma Enxerida - 2º dia

Oh, Deus!!! Li 14, das 27 laudas do artigo de Roxane Rojo e, sinceramente, fiquei ainda mais confusa do que já estava: parece-me que a ele pode ser aplicada a máxima do Velho Guerreiro - “Eu não vim para explicar; vim para confundir” (ou algo assim...).
Onde terminam os gêneros textuais e começam os gêneros discursivos? Texto e discurso devem andar, necessariamente juntos? Que autor/pesquisador dos gêneros textuais é bakhtiniano? Qual deles não segue a linha teórica de Bakhtin?
Desconfio que os autores citados por Rojo podem ser situados num meio termo em relação a Bakhtin, pois convergem em alguns pontos e divergem em outros (pelo menos, foi assim que entendi!!). E parece que as teorias de todos eles (Marcuschi, Adam, Bronckart) são semelhantes, embora haja algumas divergências entre elas.
Bom, percebi que definitivamente, não é possível, ou pelo menos não é pertinente analisar gêneros textuais sem, como afirmou muito bem Focault, adentrar nessa “ordem arriscada do discurso”. E acredito que a pesquisadora também pensa assim, pelas pistas que fornece no decorrer do artigo: ela critica sutilmente o fato de Marcuschi não esclarecer, no material analisado, a separação entre gênero textual e gênero discursivo, deixando este em aberto.
Ora, daí eu fiquei imaginando o teor de cartas, e-mails, contos, crônicas, canções, blogs... as características intrínsecas ou extrínsecas de tais gêneros revelam as intenções por trás dos discursos? Não necessariamente, mas fornecem pistas. Um discurso só pode ser legitimado se levarmos em consideração quem fala, de onde fala, por que e para que(m) fala; ainda em que momento, situação, contexto. Por outro lado, existe algum texto, seja ele de qualquer natureza, desinteressado, neutro?
Os gêneros textuais são denominados por conta de suas particularidades, permanências; e quanto aos gêneros discursivos? De acordo com o Dicionário eletrônico Michaelis – UOL, gênero - s. m. 1. Grupo de seres que têm iguais caracteres essenciais. 2. Lóg. A classe que tem mais extensão e portanto menor compreensão que a espécie. 3. Biol. Grupo morfológico intermediário entre a família e a espécie. 4. Gram. Flexão pela qual se exprime o sexo real ou imaginário dos seres. 5. Espécie, casta, raça, variedade, sorte, categoria, estilo etc. 6. Lit. e Bel.-art. Assunto ou natureza comum a diversas produções artísticas ou literárias. S. m. pl. Com. Quaisquer mercadorias. (Grifos meus) e discursivo – “adj. Que procede por meio de raciocínios”. Assim, pela simples associação entre os termos e seus respectivos significados, é possível concluir que um único gênero textual pode conter vários discursos. Dependendo da natureza do discurso, uma carta pessoal será completamente diversa de outra carta pessoal. Portanto, mesmo que o objeto de uma análise seja restrito a um único gênero textual, existirão gêneros discursivos outros, enviesados por este ou aquele propósito, que são fundamentais para a compreensão do texto.

As ideias estão fervilhando em minha cabeça, mas já estou cansada. Por hoje é só.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Investigando a escrita nos weblogs...

Bem, a partir de hoje, 16 de setembro de 2010, postarei diariamente as minhas leituras, impressões, reflexões e interações a respeito do meu projeto de pesquisa intitulado (a princípio): Os usos do weblog como produção textual e de sentidos, que culminará no TCC do curso de Letras da Uneb/DCHT – Irecê/BA.

De algum tempo para cá, houve mudanças significativas no foco da pesquisa: refleti sobre o que realmente eu gostaria de investigar em relação à escrita pessoal na internet e ontem conversei com a Profª Hilderlândia, que sugeriu o estabelecimento de relações com a prática pedagógica.

Hoje, troquei ideias com o Prof. Felipe Serpa (o filho), que fez intervenções significativas no projeto de pesquisa: algumas formais e outras voltadas para a adequação temática. Chegamos ao denominador comum de que gêneros textuais, digitais ou não, caminham lado a lado com as intenções explícitas ou veladas presentes nos discursos.

Comecei a leitura de um artigo de Roxane Rojo sobre gêneros dos discursos e gêneros textuais e também recomecei a leitura do livro Hipertexto e gêneros digitais, sob a organização de Marcuschi e Antônio Xavier, ambos da UFPB.

Senti que esta tarefa não será fácil!!!

sábado, 24 de julho de 2010

Revivescências





Íamos um bando de mulheres, todas adultas, no carro a caminho da cidade. Estávamos voltando da Faculdade e tagarelávamos como adolescentes.
O percurso da Uneb até a rodoviária é feito em torno de seis a oito minutos, tempo que é gasto com um repertório de “prosa” que gira em torno de homens (claro!), roupas, queixas sobre os trabalhos do semestre e algumas bobagens; na verdade, uma boa quantidade de bobagens, para alegrar a vida, justificam algumas.
Um dia desses, dei carona a quatro colegas, mais ou menos as quatro de sempre. Conversa vai, conversa vem e, de repente, alguém soltou a palavra que ativaria o dispositivo do riso e de memórias guardadas há muito tempo: - Blá, blá, blá... Pêlos pubianos...
- O quê?! Eu entendi direito?! – diz uma, às gargalhadas.
- Pêlos pubianos, rapaz?! De onde essa menina tirou isto?! – fala outra, entre soluços de tanta graça.
Eu, por minha vez, ameacei-as de pagar uma lavagem completa no carro, caso eu urinasse ali mesmo, de tanto rir.
O motivo do riso das outras, desconheço; mas desconfio que deve ser algo parecido com o que me lembrei: quando eu era adolescente, havia um grupo de amigas, na escola, que viviam grudadas, participavam de tudo juntas: os projetos, as comemorações, os trabalhos, as “paneladas”...
Em um desses encontros do grupo, estavam todas empolgadas com o mais novo professor: ele não era bonito, mas todas estavam curiosamente encantadas, talvez fosse pela masculinidade, a eloquência ou a paixão pelo ensino, ou talvez pelo conhecimento que emanava dele, saindo pelos seus poros.
Elas, todas adolescentes, ficavam ligadas no professor, em todos os seus gestos, em todas as falas – passaram a amar a literatura, mesmo aquelas que não tinham lido uma única obra inteira dos clássicos.
Estavam, nesse dia, a conversar sobre o professor, que agora era o assunto favorito das conversas delas e, em meio a um burburinho desenfreado de adolescentes excitadas e tagarelas, a dissecar a sua mais nova vítima (o desajeitado professor de Literatura), Bibi soltou:
- Vocês não viram uma coisa!! Acho que só eu vi: no dia que o professor Raul espreguiçou na sala... – interrompeu a fala, em meio a pulos e gritinhos de contentamento.
- No dia que ele estava com aquela camiseta meio curta, sobre aquelas calças largas e perigosamente baixas no quadril?! – interrompeu Gigi, eufórica.
- E a barriguinha branca dele ficou à mostra?! – disse, exasperada, Mamá.
- Eu vi! Eu vi! – gritou, gloriosa, Tany.
E Bibi, com os olhos arregalados e aquela expressão de quem tinha inventado a roda, disse, vitoriosa:
- Ele espreguiçou, deixou bem à nossa vista a sua pele branquela, uma grande fileira de pêlos ruços, meio avermelhados – nós vimos os pêlos pubianos dele!! – disse isso e fechou a sua fala com uma gargalhada gostosa e safada (fiquei pensando: e quando ela for adulta?!).
Pois é, somos “adultas” hoje, e o episódio do carro fez-me sentir como aquela adolescente outra vez. Somos adultas?!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Janelas da alma

À primeira vista
Parecem ter a negritude da noite
A um olhar desatento
Mostram-se sérios e sombrios

Mas eles não são negros
Nem tampouco circunspectos:
Meus olhos são castanhos
E a alegria e perspicácia brincam em suas profundezas

Aqui e ali saem à tona
Através de indecifrável brilho
Do mel da sua cor reluzem estrelas
Que semeiam luz por todo o meu ser

O corpo, a pele, os cabelos
Tudo muda com o tempo
Mas os olhos permanecem intactos
Como marcas registradas
De afirmação da individualidade

Gosto de absolutamente tudo em mim
Porém os meus olhos,
Espelhando minh’alma
São do meu corpo o que mais amo:
Centelhas de luz,
Transparência sem fim:
Janelas da alma,
Espelhos de mim!



Ivânia Rocha.

Irecê/BA, 25/03/2010.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SOLIDÃO

Há dias em que me sinto imensamente solitária... Hoje é um desses dias, e é por isso que senti necessidade de escrever.
Nunca me imaginei escrevendo sobre meus sentimentos íntimos em um diário público; no entanto, diante da ausência de amigos com os quais eu poderia conversar, achei melhor colocar no blog as minhas angústias. Afinal, acredito que não sou a única a ficar assim, sorumbática. Com certeza, outras pessoas, em algum momento de suas vidas, também se sentiram uma ilha em meio a um oceano de pessoas.
Essa metáfora da ilha entre uma multidão é recorrente, porém não encontrei nenhuma expressão mais apropriada.
Pois bem: os negócios e o trabalho da prosa do marido soam distantes e sem brilho; os altos papos dos filhos adolescentes são brilhantes demais, purpurinados até. Não dá para me interessar nem por um, nem por outro.
Os programas da TV nunca me pareceram tão enfadonhos!! Deus nos salve! Enjoei todas as músicas, todos os sites, todas as salas de bate-papo...
Os amigos de verdade são poucos e raros e estão mergulhados em seus próprios problemas...
Bem, graças a Deus que tenho esse blog! À medida que vou colocando as tribulações na tela do PC, vou refletindo sobre elas, sobre a vida, sobre os desencontros e desencantos: é como se fosse uma conversa comigo mesma; e de certo modo, é isso mesmo: uma reflexão.
Aos trinta e uns, já era para ter definidos os meus planos e objetivos de vida. Pois confesso que às vezes eles aparecem nítidos em minha mente; em outros momentos, a cabeça parece girar em um turbilhão extremamente confuso de emoções e sentimentos contraditórios.
Sei que desejo concluir a Licenciatura em Letras que está em andamento; quero fazer mestrado na área de Linguística ou Literatura; pretendo escrever os contos, as memórias, as invenções e as ideias que povoam a minha mente, a fim de compartilhar com outras pessoas esse universo curioso e infinito de imaginação, poesia, encanto e desencanto que é a mente humana.
Não sei exatamente qual é o meu estilo, mas sei que quero escrever para muita gente: para os cansados, os tristes, os injustiçados, os pobres, os feios - todos aqueles que, de alguma forma, não se encaixam nos tipos forjados pela sociedade de consumo: para as pessoas que, assim como eu, se sentem meio ET's.
Pedagoga de formação, adoro a sala de aula, mas vejo como um acinte à humanidade os baixos salários dos professores: aí vem mais uma contradição em minha vida: adoro o que faço e lecionar é extremamente prazeroso, mas com o que ganho não é possível ter qualidade de vida, pois os salários vergonhosos dos educadores não lhes possibilitam ter acesso à cultura e muito menos ao lazer de qualidade.
Bem, como estou mesmo contrariada, não vou escrever mais que isso, para não cansar os leitores e a mim mesma.
Até mais...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fazer-se homem

Seus cabelos pintando
Sua idade cronológica avançando
Mas você continua um menino:
O homem está incipiente em seu ser
Sua vida está apenas começando

O tempo passa: 20, 30... quase 40!
Mas o seu riso lhe dá apenas poucos anos, talvez uns 8...
O jeito moleque traz o adolescente à tona
E, de vez em quando, você se torna filho dos filhos
Bagunça tanto, que ninguém agüenta!

Mas, às vezes, o seu aspecto se torna sombrio:
A sua testa se enruga, o olhar perde o brilho
Você se torna mais velho que o tempo
E sem a sabedoria que vem da experiência

Felizmente, o seu coração se renova
E as trevas da preocupação dão lugar à vida
O brilho do sol faz resplandecer a esperança
Aos poucos, o menino co0meçaa a fazer-se homem.



* Dedicado ao meu esposo, Eriston Rocha, por ocasião do seu aniversário (16/09/2009)

Modernidade

As provas são difíceis.
Eu também.
A vida assusta; eu mais.
As lutas diárias são muitas,
Mas eu continuo tentando

Nos excessos do cotidiano
O maremoto do consumo
A avalanche da sensualidade,
A violência, o medo: escuridão
O moderno é velhamente antiquado

Retornamos à barbárie?
Ou sequer saímos dela?
Carros, fuligem, lixo, lixo, lixo.
Violência, drogas, armas, luto, luto, luto.

Cores esgarçadas
De esquinas encardidas
Buzinas, máquinas, gritos, música
Há esperança em meio ao caos?


Ivânia Rocha.
Irecê/BA, 18/07/2009.