Alma multicor
Parda, eu?!
Minha bisavó foi índia selvagem
Pega “a dente de cachorro”
Pelo meu bisavô Justino
Nunes: filho de portugueses
Do lado materno
Não sei quantas vezes ouvi essa história...
Meu pai, Machado original,
De ascendência negro-portuguesa
Amulatado, que beleza!!
Agora, o governo diz que sou parda...
Cor da tez?
Parda sei que não sou:
Nem branca, nem negra, nem mulata
Pele acanelada indefinida – sei lá!
A alma, com certeza, é multicor!
No íntimo sou negra, branca, índia,
Mulata, cafuza e mameluca
Trago as marcas da violência
Da captura da índia Fulô
As cadeiras largas da negra Bela
A impertinência europeia dos Nunes e Machado
A brasilidade misturada e ousada
De uma identidade forjada
Na mixagem de diferenças
Sou todos e ninguém:
Alma multicor!
Irecê/BA, 16/10/2009
Adorei a parte:"Pega 'a dente de cachorro'
ResponderExcluirPelo meu bisavô..."Ja parece as coisas da minha avó!
É, Dani, e aconteceu de verdade...
ResponderExcluirInfelizmente, a violência contra a mulher vem de longe; o lado bom dessa história é que essa índia não foi apenas uma amante, usada e descartada, mas ela passou a fazer parte da família daquele português, embora de modo involuntário.